quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Os nossos Poemas- Fernando Pessoa

Estrelas do meu ser
neste corponnublado.
Anseio por te ver,
noite de céu pintado.

Sou todo que sou eu,
Estrangeiro é o que sou
Nada sou que seja meu,
eterna alma que mudou.

Estranho o coração,
que meu não pode ser.
Evita a emoção,
com medo de sofrer.
Vive com uma tal calma,
Sem alegria ou tristeza.
Somente tem na sua açma, õ Fado como certeza.

Contempla, o meu olhar,
a sua imensa beleza.
Desfruta sem pensar,
da simples natureza.

Ama as aves a cantar
doce e melodicamente,
e o cabelo a ondular
ao som duma brisa quente.

Ferve-me na razão,
um tédio de viver.
Nada almeja senão,
pelo ópio esquecer.

Invade-me o pensamento,
uma estrabha morbidez.
O futuro é sentimento
e a máquina viuvez.

O que serei eu então,
numa noite iluminada?
Que estrrelas brilharão,
nesta alma sempre alterada?

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